sexta-feira, 24 de setembro de 2010

RASTAFARI - VIDA E HISTÓRIA

Saudações em Nome de Sua Majestade Imperial Haile I Selassie I e Sua Majestade Imperial Imperatriz Menen I, JAH RASTAFARI, que vive e reina por toda a Eternidade do topo do Monte Sião.

Rastafari é um modo de vida com raízes na Etiópia. É a maneira original de se viver, a verdadeira essência humana. Em amárico, idioma etíope, Rastafari significa “cabeça da criação”, também podendo significar “homem”, ou primeiro Homem, no sentido de espécie humana.



PRINCÍPIO


No princípio, como vemos nas escrituras antigas, quando JAH criou o homem e a mulher, ambos viviam em harmonia com toda a criação (leia mais em "Os Livros de Melquisedeque"), pois eram parte integrante dela e tinham responsabilidade (e não domínio) sobre ela. O Édem era habitado por uma vida sem morte, todos os seres se alimentavam somente de plantas, todos em harmonia. (Ver Gênesis 1:29)

O Homem e a Mulher Rastafari vivem dessa forma, como no princípio de tudo, na perfeição que JAH RASTAFARI nos criou para viver, em equilíbrio, Amor e respeito, em unidade com toda a Sua Criação Divina. Aqueles que aceitam viver como Rastafaris estão na construção desse Novo Tempo, dessa Nova Era, que é o restabelecimento da antiga Lei, a Primeira Lei, a Lei do Amor e da Vida, que voltará a reinar sobre a Terra.

Essa reconstrução da vivência do Bem, da forma correta e primeira de se viver se desenrola em alguns princípios e condutas, que para os Rastafaris não são vistos como regras, mas como uma forma natural de ser, da fazer o bem, o certo, viver alegremente na Lei de Deus, a Lei do Amor.

Como vemos em Gênesis 1:29, a prática da alimentação de plantas vem desde o princípio do mundo. E é algo muito natural para os Rastafaris. As plantas não são só utilizadas na forma de alimentação, mas para todos os fins, pois JAH criou as plantas para tudo que precisarmos. Elas são feitas da mesma matéria que nossos corpos, por isso têm muita influência sobre nós e são de muita ajuda. Os Rastafaris usam as plantas para comer, para fazer remédios, cosméticos, para fazer instrumentos, casas, roupas, defumações, enfim todo o necessário.

Se prioriza dessa forma a alimentação natural (leia mais em "O Evangelho Essênio da Paz)", integral, orgânica, livre de elementos químicos e industrializados . No mesmo sentido, se prefere a utilização de materiais biodegradáveis para a construção de moradias, confecção de roupas e todo o mais. Busca-se uma vida sustentável em todos os aspectos, reciclando os dejetos secos e orgânicos, restringido ao mínimo ou zero o lixo dispensado.

Toda a Criação de JAH é vista como perfeita e é respeitada não como algo a ser contemplado, mas como parte de nós, nossa continuação, nós mesmos EU&EU.



EU&EU


Em verdade, a expressão EU&EU sintetiza muito bem toda a forma de Vida Rastafari. “Eu&Eu” expressa primeiramente duas noções: igualdade e unidade.

Essa expressão basicamente quer dizer que somos todos partes de uma mesma criação, assim como somos também parte do Criador, estamos todos em igualdade, e também em unidade, pois estamos todos unidos em JAH, na vibração, força e sintonia da Criação. Isso inclui não somente o Homem, mas toda a criação! Animais, plantas, cristais, solo, mar, ar, visível, invisível, passado, presente, futuro. “Eu&Eu” expressa de uma forma simples, mas abrangente o respeito, a unidade, e a revelação de que após o advindo de Emanuel o Cristo, JAH habita em nós, e somos parte dele, por isso também somos JAH. É a concepção e a prática dos principais mandamentos “Ama a JAH acima de todas as coisas” e “Ama ao próximo como a ti mesmo”.

Assim podemos dizer que ser um Rastafari é buscar viver ao máximo os ensinamentos de Emanuel, Deus Conosco, o Messias, Jesus Cristo. Nos tornarmos nós mesmos Cristos Vivos, Homens e Mulheres Virtuosos, cheios de Bondade e de Amor, Divindades em Carne, a perfeita Imagem e Semelhança de JAH RASTAFARI.



VOTO NAZIREU


É dessa forma que quando se decide viver Rastafari se realiza o voto Nazireu. O homem e a mulher que realizam esse voto decidem não mais fazer parte do mundo, não compartilham mais da ilusão, mas decidem viver sua vida para JAH, na Sua Lei, e não na lei dos homens. Após esse voto, não se corta mais os cabelos, e nem a barba, no caso dos homens.

Nos Homens e Mulheres Rastafaris podemos ver claramente o voto Nazireu em seus longos cabelos naturais popularmente chamados de dreadlocks. Geralmente os Rastafaris cobrem o seu voto, em especial as mulheres, como forma de se preservar, e se proteger de energias negativas do mundo, pois os cabelos em sua forma natural são como antenas que atraem energias, que acabam ficando neles acumuladas se não tivermos os devidos cuidados. Por isso realizar esse voto, deixando seus cabelos crescerem livremente de forma natural, sem mais cortar, pentear ou utilizar produtos químicos, deve ser realizado com muita consciência e responsabilidade para nossa própria proteção.



ÁFRICA E REPATRIAÇÃO


O mundo, do qual o Nazireu se afasta, é hoje representado pela forma de vida e costumes ocidentais, baseado no consumo, trabalho explorado, grandes cidades, mídias manipuladas, doenças e domínio de drogas farmacêuticas artificiais, alimentos industrializados e com substâncias que alteram nossa genética, enfim, tudo que nos distanciam da nossa essência, e é chamado pelos Rastafaris de babilônia, em uma relação com as escrituras bíblicas. Tudo aquilo que foi degenerado, manipulado, alterado, degredado pelo homem sob influências maléficas é chamado de babilônia. O egoísmo, a maldade, a opressão, a raiva, o medo, o desrespeito, a guerra, o racismo, o colonialismo, o machismo, o sexismo e toda a corrupção da imagem da mulher e da família, tudo isso é a babilônia.

O caminho pra sair da babilônia é a Repatriação. O retorno definitivo às origens, África-Etiópia. Sendo Rastafari a forma de vida original, e a África a terra Mãe onde toda a vida começou, a África é a referência maior para todos os Rastafaris. Tudo que se precisa saber, aprender e praticar vem de Mamãe África, é o que dá força, saúde e firmeza. Estamos falando da essência africana, não de uma África colonizada e dominada por multinacionais estrangeiras.

Durante todo o processo de colonização da África, os imperialistas não conseguiram eliminar a essência da África que ainda vive no continente, e em seus filhos espalhados pelo mundo.



ETIÓPIA E A GLÓRIA DOS REIS


A Etiópia, única Nação Africana que jamais foi colonizada pelo europeu, possui uma linhagem real de mais de quatro mil anos. Nenhum império europeu é tão antigo, ou teve condições de ter um poder centralizado por um período nem sequer aproximado.

Esse Império Etíope possui sua linhagem na raiz de Davi, Jessé, Judá, Jacó-Israel, Isaque, Abraão e Adão, através do filho resultado do relacionamento da Rainha Makeda de Etiópia, ou Rainha de Sabá, com o Rei Salomão de Israel. Essa história é contada na bíblia em 2Crônicas:9 e 1Reis:10, mas é melhor detalhada em um livro sagrado etíope intitulado Kebra Nagast que significa a ‘Glória dos Reis’. O intento desse livro é mostrar a linhagem dos Reis etíopes como tendo origem nos patriarcas bíblicos, assim como a origem da fé Cristã.

Nesse livro, é contato que a Rainha Makeda saiu de Etiópia e foi até Jerusalém em busca da sabedoria do Rei Salomão. Chegando lá, Salomão revelou à Rainha que sua sabedoria vinha da fé e temor no grande e único Deus, O Deus de Israel, JEOVAH, JAH. A Rainha então converteu-se e pôs sua fé em JAH, e sua terra e povo converter-se-iam com ela. Eles tiveram um filho, Menelik, que nasceu em Etiópia sem que o Rei Salomão soubesse. Ele seria o futuro Rei de Etiópia e reinaria sob o comando de JAH. Porém, depois de crescido, Menelik teve o desejo de conhecer seu pai.

Quando o pai e o filho se encontraram, Salomão tentou convencer Menelik a ficar em Jerusalém e herdar seu reinado. Mas o filho negou o pedido ao seu pai, pois havia prometido à sua mãe e ao seu povo que retornaria para Etiópia. Salomão enviou então junto com seu filho à Etiópia o filho mais velho de cada oficial e empregado do governo de Israel, em uma simbologia de transferência do reinado para a terra sobre a qual seu filho Reinaria. Menelik levou consigo também a “Arca da Aliança”. A Arca da Aliança foi construída por Moises como símbolo do pacto feito entre JAH e Seu povo (ver Êxodos 25:10-23). Onde a Arca estiver, está o Governo de JAH na terra. Nesse sentido, foi transferido tanto o governo dos Homens como o governo de Deus de Jerusalém, Israel, para a Etiópia. Ainda Hoje a Arca da Aliança está na Etiópia, em uma Igreja chamada Santa Maria de Sião, em Axum.

É da descendência de Menelik, filho de Salomão e Makeda, que descendem diretamente o Imperador Haile Selassie e a Imperatriz Menen, coroados na Etiópia em 1930. Mas para entender o significado dessa coroação temos que pensar um pouco em como estava o mundo nesse período.



GARVEY E A LUTA AFRICANA


Faziam poucas décadas que havia sido legalmente extinguida na América a escravização de Negros e Negras. Durante séculos, o ocidente se beneficiou da mão de obra escrava de africanos seqüestrados de suas terras. Foram brutalmente tratados e tiveram suas histórias e culturas ocultadas, e sua dignidade como homens e mulheres violadas e roubadas. Se até hoje Negros e Negras, em sua grande maioria, crescem sem ter uma referência de suas origens, podemos imaginar como era nas primeiras décadas do século 20. E temos que lembrar também que, nesse período, a maioria do território africano estava colonizada por países europeus.

Mas em todo o local onde se escravizou os povos africanos, sem exceção, houve resistência, elas se deram de diversas formas, tanto a nível cultural como político, religioso. Podemos citar inúmeras formas de resistência de Negros e Negras pelo mundo, e contar muitas histórias, mas sem dúvida um dos principais líderes de destaque nessa luta de resistência é o Honorável Profeta Marcus Mosiah Garvey.

Apesar de ter nascido na Jamaica, Garvey representa a luta de todos os Negros e Negras que foram seqüestrados e espalhados na diáspora pelo mundo. Ele dizia: “Não importa aonde você nasceu se é um homem ou uma mulher Negros, então você é um Africano.

Marcus Mosiah Garvey devolveu aos Negros e Negras do mundo sua identidade, sua história, lhes deu o direito de perceberem a si próprios como homens e mulheres dignos, honrados, com passado, presente e futuro, dotados de capacidade de fazer o que quisessem. Ele afirmava que para saber para onde se vai é preciso saber quem é, e de onde veio.

O processo da escravização empenhou-se em retirar dos africanos e seus descendentes tudo o que tinham de valor. Através do racismo, que se perpetuou mesmo após a suposta abolição, fez e faz com que Negros e Negras perdessem sua autoestima, e se achassem inferiores aos brancos, assim os impossibilitando de acessar os locais e posições de destaque na sociedade.

Dessa forma Garvey dizia que não bastava para o Negro acender dentro da sociedade do branco, pois assim ele sempre ocuparia uma posição inferior, sempre seria tratado como menor, sempre teria que trabalhar o dobro para receber menos que a metade, sem ter seu valor reconhecido. Ele dizia que os Negros deveriam formar suas próprias empresas, suas próprias escolas, que deveriam se organizar entre si, e mostrar aos outros Negros o seu valor, sua origem e seu potencial. Foi nesse ideal que Garvey e seus companheiros formaram a maior organização Negra já existente na história, a UNIA (Associação Universal para o Progresso do Negro). A história da UNIA e de Garvey mudou o rumo da história Negra em todo mundo. A principal sede da UNIA ficava em Nova Iorque, mas tinha filais em vários outros países, e também influenciou outras organizações de outros países, como a Frente Negra no Brasil. O movimento de Garvey influenciou até mesmo, e muito, os movimentos de libertação dos países africanos. (Leia mais em "Marcus Mosiah Garvey - A Estrela Preta")

Nos anos de 1920, Garvey profetizou na Jamaica a seguinte frase: “Olhem para África! Lá um Rei Negro será coroado. E então a redenção dos Africanos estará próxima”.



HAILE SELASSIE E MENEN


Quando Marcus Mosiah Garvey proferiu a frase acima, reinava em Etiópia Imperatriz Zauditu, Filha do Imperador Menelik II. Seu sobrinho, Ras Tafari Makonnen, era regente da província de Harar, casado com Woyzero Menen. Todos nobres africanos descendentes de Menelik I, filho de Makeda e Salomão, da Raiz de Davi, do Tronco de Jessé.

A Etiópia era então o único local que não havia sido colonizado por nenhum país europeu, graças à vitoriosa resistência dos exércitos etíopes.

Ras Tafari, ainda no governo de Imperatriz Zauditu, trabalhou muito pelo desenvolvimento e avanço da Etiópia, colocando-a na Liga das Nações, e acabando com a escravidão no país. Ras Tafari já era reconhecido como um grande líder africano, quando, após a passagem de Zauditu, Ele assume o Trono ao lado de sua esposa, no ano de 1930.

No dia de sua coroação, Ras Tafari quebrou com um protocolo ao dizer que sua esposa seria coroada com Ele ao mesmo tempo. Antes a rainha era coroada sem cerimônias três dias após o rei. Imperatriz Menen foi coroada instantes depois de Tafari e sentou ao seu lado no trono.

Esse ato inspira aos seguidores de Ras Tafari, e mostra o local em que o Homem e a Mulher devem assumir tanto em suas vidas conjugais, como no governo da Nação e da Vida, lado a lado, de uma só vez, sempre juntos, em harmonia, equilíbrio e respeito, com igual importância. Alpha e Omega (masculino e feminino). Assim como Ras Tafari representa O exemplo de Homem a ser seguido, e sua coroação mostrou aos homens pretos como eles são dignos de sentar no trono de uma Nação Livre, Imperatriz Menen é O exemplo de Mulher e representa a Mulher Preta-Africana Livre, Rainha das rainhas, que governa sua própria nação com dignidade e soberania (Leia mais em "Especial Mulher Rastafari"). Diante do Rei e da Rainha Africanos, se curvaram 72 nações de diferentes continentes, reconhecendo a soberania de Seu Governo.

Na coroação, Tafari assumiu Seu Nome de batismo dado pela Igreja Cristã ortodoxa Etíope, Haile Selassie, que significa O Poder da Santíssima Trindade.

Na coroação, o então Imperador, e conseqüentemente a Imperatriz, lado a lado, assumiam não só a cabeça do poder político, mas também religioso de Etiópia e receberam da Igreja Ortodoxa Cristã os títulos: Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Luz do Mundo, Eleito de Deus (ver Revelação/Apocalipse 5:5 e 19: 11-16)

A profecia se cumpria, um Rei e uma Rainha pretos assumiam o trono sobre a África livre. A Etiópia era referência de liberdade para todos os africanos e africanas em África e em diáspora, e seus Imperadores também assim seriam.

Haile Selassie trabalhou incessantemente pela libertação dos países africanos do colonialismo. Proporcionou o retorno dos africanos em diáspora que estavam preparados para retornarem para Casa. Mediou conflitos internos para a criação da OUA, Organização União Africana. Sua língua, qual espada afiada, denunciava as injustiças, ações equivocadas e valores distorcidos que imperavam no mundo, que não estavam de acordo com os reais valores cristãos.

Muitos Caribenhos que então se identificaram com Haile Selassie e viram nele o cumprimento da profecia, nas primeiras décadas do século 20, passaram a se denominar como seguidores de Haile Selassie, posteriormente sendo identificados como ‘Rastafaris’.

Para todos os Rastafaris, Ras Tafari Haile Selassie é O CABEÇA, O Caminho e O exemplo absoluto a ser seguido, assim como sua Esposa Imperatriz Menen, sendo Ele o Rei Alpha, e Ela a Rainha Omega (Ver Revelações/Apocalipse 1:8). São representações divinas.

Para o Homem e a Mulher Rastafari, aceitar Sua Majestade Imperial O Imperador Haile Selassie e Sua Majestade Imperial A Imperatriz Menen em suas vidas, como seus redentores, significa realizar em sua própria existência, independente do local onde vivem, os ideais de REPATRIAÇÃO, e trabalhar de modo a proporcionar que todo o africano em casa ou em diáspora possa alcançar esse entendimento.

Ao ser coroado lado a lado com Sua Rainha, Selassie mostrou ao Seu povo que o lugar da Mulher e do Homem pretos não eram nos porões, senzalas, bastidores, etc, mas sim sentados sobre o trono de uma nação livre! Isso é algo de extrema importância para todos os pretos e pretas do mundo! Haile Selassie, em seus discursos, sempre apontou para a importância da igualdade e respeito entre raças e credos:


“Acima de tudo, a Etiópia é dedicada ao princípio da igualdade para todos os homens, não importando as diferenças de raça, cor ou credo. Como nós não praticamos ou permitimos qualquer tipo de discriminação dentro de nossa nação, nós nos oporemos a ela aonde quer que for encontrada. Como nós garantimos a cada um o direito de venerar a quem quer que seja, nós denunciamos a política que coloca homem contra homem nos assuntos religiosos. Como nós estendemos a mão da irmandade universal para todos, sem nos importarmos com raça ou cor, nós condenamos qualquer ordem política ou social que distinga as crianças de Deus na maior parte de Seu território.”


Haile Selassie também anunciou uma nova raça, do Novo Tempo, que cumpre as profecias e as expectativas dos agora Rastafaris:


“Nós devemos olhar primeiro para o Todo Poderoso Deus, que criou o homem acima dos outros animais e o presenteou com a inteligência e a razão. Nós devemos por nossa fé Nele, para que Ele não nos deixe e nem permita que destruamos a humanidade que Ele criou à Sua imagem. Nós devemos olhar para dentro de nós mesmos, nas profundezas de nossas almas. Nós devemos nos tornar algo que jamais fomos e para o qual nossa educação, experiência e ambiente nos prepararam. Nós temos que nos tornar maiores do que jamais fomos. Mais corajosos, maiores em espírito e mais largos no olhar. Nós devemos nos tornar membros de uma nova raça, superando o preconceito e obedecendo não as nações, mas os nossos companheiros homens na comunidade humana.”



NYAHBINGHI


Um dos momentos mais importantes para os Rastafaris são as reuniões, ou cerimônias Nyahbinghi. Todas as Casas, mansões e famílias Rastafaris realizam essas celebrações, seja somente nas datas importantes do calendário Rastafari, ou aos sábados, que de acordo com a Lei de JAH, é o dia guardado para o descanso e as coisas de Deus.

Nyahbinghi é uma palavra africana que quer dizer morte ao todo o tipo de opressão. É o nome de uma Ordem de guerreiros africanos que lutaram contra a colonização da África. Com a intensificação de invasões de europeus na África, a Ordem Nyahbinghi acabou por ter que se exilar na Etiópia, onde foi recebida e abrigada pelo Imperador Haile Selassie. O Imperador Etíope passou a ser o comandante da Ordem Nyahbinghi, a qual se tornou praticamente seu exército-guarda pessoal. Juntos lutavam pela libertação da África e o direito de todos os africanos. Por essa razão que uma das principais casas Rastafaris na Jamaica utiliza esse nome.

É conhecido também que os guerreiros da ordem Nyahbinghi também eram Nazireus, dessa forma, suas batalhas eram em nome de JAH, para a predominância da Lei de Deus.

Nas cerimônias Nyahbinghi, há leituras bíblicas, fogueira, cantos e outros elementos, mas o papel principal e de destaque estão nos tambores. Os tambores africanos reproduzem a batida do coração, com dois toques consecutivos. Essa batida Nyahbinghi reconecta à essência, à pulsação original da terra, no seio de Mãe África. É um momento espiritual profundo de contato com as raízes Africanas, e JAH RASTAFARI. É o momento também que os guerreiros Rastafaris se apresentam ao seu general Haile Selassie para a batalha espiritual contra toda a opressão, pela queda da babilônia e o estabelecimento da Nova Jerusalém, a Sagrada Sião, neste Novo Tempo, nessa Nova Era.


O Homem e a Mulher Rastafaris são aqueles que vivem e praticam o bem. Acreditam no Amor como primeira Lei e Lei Universal de Deus, JAH RASTAFARI, Nosso Criador. Realizam em suas vidas o retorno às raízes Africanas, a forma de vida natural e essencial. Estão na batalha do Bem pela vitória do Amor, para a construção e edificação da morada do Altíssimo no Novo Tempo, pelo triunfo de JAH Rastafari contra toda a maldade, sob o comando do Imperador Haile Selassie, o Rei Alpha, General de exército e cabeça do governo. E sob o Exemplo de Imperatriz Menen, a Rainha Omega, Maria Negra, a representação de todo o Amor incondicional, a força da Terra e da Lua, Mãe da Criação. Vivendo e praticando os ensinamentos do Cristo Vivo, Jesus, preservados pela Igreja Ortodoxa Cristã Etíope.


Um Amor, Um Deus, Um Objetivo, Um Destino

Haile I Selassie I

JAH RASTAFARI

Texto de Sista Luísa Benjamim

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ANO NOVO E CALENDÁRIO ETÍOPE

MELKAM ADDIS AMET LEHULACHIM
(Feliz Ano Novo para todos nós)


Tempo e datas em Ithiopia


Enkutatash ou Ano Novo na Ithiopia (Etiópia) é comemorado em 11 de setembro, segundo o calendário ocidental ou gregoriano. A Ithiopia ainda segue o calendário Juliano Ortodoxo, que consiste de 12 meses de 30 dias e um mês 13, Pagume, de cinco ou seis dias, dependendo se é ou não um ano bissexto. O calendário Ithiopie é de sete anos e oito meses de atraso do calendário gregoriano, assim setembro de 2010 é Meskerem de 2003 em Ithiopia.

A maneira Ithiope de medir o tempo também é diferente do Ocidente. O relógio começa a funcionar na hora 6:00 e vai até 18:00. Portanto 8h em tempo ocidental seria 2h no tempo Ithiope.

Pela Ithiopia estar perto do equador, o sol se levanta em torno de 00:30 no tempo Ithiope e se põe em torno de 12:45, à noite (6:45 no equivalente ocidental) durante todo o ano. Ithiopia está 3 horas à frente do GMT (Tempo Médio de Greenwich).


Os anos passam num ciclo de quatro anos com os nomes dos Evangelhos, com o ano de João ou Yohannes sendo o ano bissexto.

Meskerem: 11 de setembro
Tikimt: 11 de outubro
Hidar: 10 de novembro
Tahsas: 10 de dezembro
Tir: 09 de janeiro
Yakatit: 08 de fevereiro
Maggabit: 10 março
Miyazya: 09 de abril
Ginbot: 09 de maio
Sene: 08 de junho
Hamle: 08 de julho
Nehasa: 7 de agosto
Pagume: 07 de setembro


Enkutatash - Ano Novo

Enkutatash é um festival importante na vida dos Ithiopes. Após três meses de chuvas intensas o sol sai, criando um ambiente claro, belo e doce. Os campos das terras altas se transformam em ouro, quando as margaridas Meskal florescem. Há flores perfumadas por toda a parte, e há abundância de alimentos

Quando Makeda, a Rainha de Sabá, voltou à Ithiopia depois de sua famosa visita ao Rei Salomão, seus chefes a receberam com congratulações dando-lhe Enku ou "jóias".
Enkutatash, que significa "presente de jóias", tem sido celebrado desde então na primavera. Meskerem é visto como um mês de transição entre o ano velho para o novo. É um momento para expressar as esperanças e sonhos para o futuro.


Celebrações Ortodoxa do Enkutatash


A maior celebração religiosa está na igreja do século 14 Yohannes Kostete na cidade de Gaynt na região de Gondar. Por três dias os sons dos salmos, sermões, orações e hinos podem ser ouvidos como procissões coloridas de boas-vindas ao Ano Novo. Há uma grande festa mais perto Addis Abeba, a capital, na Igreja Ragual na montanha Entoto.

Costumes Enkutatash


Na véspera de Ano Novo, tochas de folhas secas e madeiras agrupados sob a forma de altos e grossos paus também são incendiados em frente às casas acompanhado do canto de jovens e velhos. Logo no início da manhã, todos vão à igreja vestindo roupas tradicionais da Etiópia. Após a Igreja, há uma refeição familiar de Injera (pão achatado) e Wat (cozido).

Grupos de crianças carregam e apresentam uma erva especial chamada de Engicha, misturada com Adey Abeba (perfumadas flores silvestres), com elas vão de casa em casa cantando a tradicional canção hoy Abebaye (Oh Minha Flor!). As meninas vão cantando músicas de Ano Novo e os meninos dão imagens que desenharam, em troca de presentes, tais como dabbo (pão caseiro), e moedas. Depois de receber os presente, as crianças abençoam o doador, dizendo: "Que o Deus Todo-Poderoso abençoe com longa vida!".

Na tarde da noite, os membros da família ascendem suas tochas e levatam-nas no ar, enquanto outros correm em volta da casa e tocam o chão com suas tochas, acompanhados por Ululation*. Nesta cerimônia se espanta os anos velhos, com seus espíritos velhos, e se dá boas-vindas ao novo.

No início da manhã no dia de Ano Novo, as famílias vão ao rio para tomar banho. Acredita-se que a água de Ano Novo é água benta que limpa os espíritos do mal que pudessem estar na comunidade no ano que passou. Com um corpo limpo e espírito
novo, as pessoas colocam a roupa nova e preparam uma festa.

À noite, as famílias convidam uns aos outros para almoçar ou jantar, e bebem tella, uma cerveja tradicional etíope, e uma cerimônia de café se segue. Enquanto os mais velhos discutem as suas esperanças para o Ano Novo, as crianças vão gastar as moedas que ganharam.

No final da cerimônia, anciãos abençoam as crianças e os outros membros da família, o que marca o fim da celebração do Ano Novo etíope.



Em tempos mais recentes também se tornou usual para os moradores da cidade, enviarem uns aos outros cartões de cumprimentos de Ano Novo, em vez dos mais tradicionais buques de flores.


Tradução livre de Sistah Luísa de:
http://www.rastaites.com/Ethiopia/newyear.htm e Sistren Ites vlume4, Issue 09-10, Setembro,Outubro de 2007.

* Ululation é um longo e oscilante som de alta-frequência que se assemelha o uivo de um cão ou lobo. É produzido através da emissão de uma voz de alta frequência acompanhada de um rápido movimento da língua, da esquerda para a direita repetidamente na boca, produzindo um som agudo. Este som é comumente utilizado em cerimônias de adoração da Igreja Ortodoxa Etíope.

ETIÓPIA - HISTÓRIA MODERNA



DERG - A FORÇA ARMADA QUE TRAIU O IMPERADOR HAILE SELASSIE



Localizado na saída da Praça Meskal, O Museo Memorial Mártir do "Terror Vermelho" é uma boa maneira de se interar rapidamente das atividades do Derg.

O Derg (ou Dergue) foi uma junta militar comunista que tomou o poder na Etiópia, após tomá-lo do Imperador Haile Selassie. Derg, que significa "comissão" foi o nome curto usado para se referir à Comissão Coordenadora das Forças Armadas, Polícia e Exército Territorial, uma comissão de oficiais militares que governaram o país de 1974 até 1987.

E eles não foram muito agradáveis. Entre 1975 e 1987, o Derg prendeu, torturou e executou dezenas de milhares de seus adversários sem julgamento.

Em 12 de setembro de 1974 o Imperador Haile Selassie foi deposto por forças Derg.
Nesta fotografia pendurada no museu, Ele aparece na foto, sendo empurrados para longe para uma prisão militar na traseira de um Fusca:


red terror martyr's memorial


Coronel Mengistu Haile Mariam foi quem se levantou como líder do Derg, quem montou a onda de oposição popular ao regime Selassie, assim como a ideologia marxista-leninista de estudantes de esquerda.

Em 20 de dezembro de 1974 um estado socialista foi declarado. Sob o adágio "Etiópia Primeiro", as empresas bancos e fábricas foram nacionalizadas, juntamente com as terras urbanas e rurais. Vistos como melhora o programa de nacionalização foi inicialmente muito elogiado internacionalmente, especialmente pela Unesco.

Entretanto, o debate político interno degenerou em violência bruta. Em 1977, a campanha do Terror Vermelho foi lançada para eliminar todos os adversários políticos. Numa estimativa conservadora, 100.000 pessoas foram mortas e muitas outras fugiram para o esterior.

A espoliação da revolução popular, o início da ditadura militar e a suspensão dos direitos democráticos e civis.

O Derg lançou o terror vermelho porque se considerou poderoso além da medida e que a sua opinião só representava a "verdade absoluta" sobre a Etiópia. Qualquer pessoa que não se conformava com o seu tipo de "verdade" era um contra-revolucionário e subversivo.

O Terror Vermelho apenas consolidou a posição dos opositores da Derg. Inúmeros movimentos de libertação armada ocorreram, incluindo os de Afar, Oromo, Somali e, especialmente, as pessoas Tigrayan. Durante anos, com armamento limitado afrontou o poder militar do Derg que era apoiado pelos soviéticos.

Florestas inteiras foram incendiadas pelo Derg para expulsar as forças rebeldes. Além disso, os grandes exércitos do Derg, com fome e sem provimentos suficientes, exterminaram os recursos naturais da terra e animais selvagens.

Os vários grupos de oposição eventualmente se uniram para formar a Frente Democrática Revolucionária do Povo da Etiópia (EPRDF), que em 1989 iniciou a sua campanha histórica em Addis Ababa.

Duplamente confrontados com o EPRDF e a frente de Libertação do Povo da Eritréia (EPLF) na Eritréia, com a queda de seus aliados na Europa Oriental e da Rússia, e com o seu estado de ruína financeira, bem como sua própria autoridade militar em dúvida, o tempo de Mengistu tinha chegado ao fim, alegando que ele estava indo para inspecionar as tropas em uma base no sul da Etiópia, Mengistu escapou para fora do país em 21 de Maio de 1991. Sete dias depois, a EPRDF entrou Addis Ababa e o Derg foi desfeito.

Em dezembro de 2006, 72 funcionários da Derg foram considerados culpados de genocídio. 34 pessoas na corte, outras 14 pessoas morrera durante o processo e 25 foram julgados à revelia.

Mengistu recebeu asilo em Zimbabué, onde permanece confortavelmente até hoje, apesar de ter sido julgado à revelia na Etiópia e condenado à morte.

Tradução livre de Sista Luísa do link:
http://thevelvetrocket.com/2010/05/08/the-red-terror-martyrs-memorial/

Pode-se ver no link acima mais fotos encontradas no Museu memorial dos Mártires do "Terror Vermelho", localizado em Addis Ababa, Etiópia.

Entrada do Memorial:

red terror martyr's memorial

"Nunca, Nunca mais"

red terror martyr's memorial


* * * * * * * * Projeto Omega Nyahbinghi * * * * * * * *

O Projeto Omega Nyahbinghi visa ressaltar o aspecto Omega (feminino) do Nyahbinghi.

Nyahbinghi representa VIDA. Princípio sem fim. Representa o retorno à vivência original, a resistência a toda a opressão e dominação, a tudo que nos desvia do caminho da Verdade. A maior representação da Vida é a batida do coração. Nas celebrações Rastafaris os tambores africanos representam através de seus toques a batida do coração-Vida-Nyahbinghi.

Assim, esse projeto consiste em ressaltar e fortalecer o feminino da vivência Rastafari, em elevar e destacar a Mulher Original – Rainha Omega I!

Esse projeto se faz importante pelo grande desconhecimento existente, em especial no Brasil, do que é e de quem é a Mulher Rastafari, e a que essa expressão se refere. O que acaba passando a impressão, para muitos, de que Rastafari é um Movimento especialmente masculino, quando não machista, o que não é uma verdade.

Omega Nyahbinghi é um projeto desenvolvido por Sistas Rastafaris no Brasil.

Objetivos:

Difundir e vivenciar, onde estivermos, os ensinamentos, vida e exemplo de Sua Majestade Imperial Imperatriz Menen I, em Seu aspecto Alfa e Omega, ao lado de Sua Majestade Imperial Imperador Haile Selassie I, Respeito, Equilíbrio, Amor.

Amar a JAH acima de todas as coisas e Amar ao próximo como a nós mesmos: Eu&Eu em JAH RASTAFARI

Ações:

SUSTENTABILIDADE

EDUCAÇÃO

SAÚDE

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